domingo, 17 de maio de 2009

Trabalho de campo para a reserva indígena Kaingang e salto do Apucaraninha!!!!!


No dia 24 de abril de 2009 realizamos um trabalho de campo para a reserva indígena Kaingang (Tamarana-PR) e salto do Apucaraninha, tendo por objetivo entender como os índios nos dias de hoje estão envolvidos ans questões ambientais.Pretendia-se também, aprender um pouco mais sobre a cultura indígena, seus hábitos, costumes, tradições...

Vamos conhecer um pouco mais sobre o assunto?

Primeiro um pequeno vídeo com fotos de nossa visita:




Agora um texto feito por:

Maria Inês Bertolino


1 – Hábitos, Usos e Costumes

As terras encontradas pelos portugueses a oeste do Atlântico eram cobertas por matas virgens. A ocupação do território teve início com a derrubada dessas matas, escravizando ou matando os povos indígenas que nela habitavam. Alguns índios escaparam para o interior e lá permaneceram até que, mais tarde, foram novamente surpreendidos pelos colonizadores.
Desde o século XVI, os portugueses dominaram o território dos Guayaná, antepassados dos Kaingang, que habitavam a região de São Vicente. Os colonizadores foram expropriando os índios de seu habitat natural e, assim, modificando o habitat e a cultura Kaingang.
Os antigos Guayaná são descritos como agricultores sedentários, embora a caça e a coleta também fosse parte de seus hábitos. Ao que parece, graças às constantes modificações advindas dos contatos com os brancos e com os outros grupos tribais, ocorreu a desorganização da agricultura Kaingang. No século XIX e início do século XX, a caça e a coleta passaram a ser mais importantes, aparecendo também a pesca como atividade de subsistência.
Levando-se em conta que o milho era a base da alimentação Kaingang e que dele se fazia uma bebida fermentada de nome Kiki, que, inclusive, empresta o nome para a principal festa ritual deste povo, crê-se que, antes do contato com o branco, a agricultura Kaingang era, de fato, uma atividade tradicional.
Os Kaingang gostavam de animais e aves, apreciando principalmente as carnes de anta e queixada. Já os Guarani preferiam a carne de macaco, paca e capivara. Também apreciavam a convivência com os cães que, especialmente treinados, eram valiosos no auxílio à caça.
Quando mortos, os animais eram moqueados para se conservarem por bastante tempo. Além do moquem, espécie de grelha, os aingangue usavam a brasa e o espeto. Para preparar os animais de maior porte, eram feitos buracos no chão revestidos com pedras. O fogo era feito dentro do buraco até as pedras tornarem-se incandescentes. As cinzas e brasas eram então removidas, e as pedras recobertas com folhas, e por cima, colocava-se a carne cuidadosamente envolta em folhas.
O que se retirava da natureza, na economia Kaingang, parece ter ocupado posição de destaque na subsistência do grupo. Dentre muitos produtos, o mais importante era o pinhão, que comiam assado sobre brasas, em forma de pão ou em sopa. Na falta de pinhão, comiam o miolo da cabeça da estipe do gerivá ou da palmeira juçara e a raiz de uma espécie de bromélia, a gravatá ou camatá.
Colhiam ainda o mel para alimentação, utilizando a cera na impermealização dos cestos. Apreciavam as crisálidas dos abelheiros e consumiam larvas de outros insetos como vespas, maribondos, besouros e baratas que proliferavam nos troncos podres de taquaras e palmeiras. Gostavam também de ovos, que conseguiam roubando nos ninhos dos pássaros.
Os Kaingang e os Xetá tinham tanto habitações fixas quanto aquelas de caráter temporário, quando saíam para caçar ou coletar nos matos. Nas aldeias dos Kaingang, as choças eram construídas com varas fincadas no chão, apresentando forma redonda ou quadrangular e cobertas com folhas de palmeira ou de taquara.
As moradias – sempre de chão batido – geralmente não apresentavam divisões internas, mas havia a separação do local onde se fazia o fogo do espaço destinado ao armazenamento de produtos ou utensílios. Existia apenas uma porta para entrada e saída.
Os relatos dos sertanistas e jesuítas que trabalhavam na pacificação dos Kaingang afirmam que os índios andavam completamente despidos, usando somente um cinto de fibra, que ornava a cintura. No frio, enrolavam-se em mantos, chamado "curucuhá". Já as índias usavam saias feitas de fibras presas à cintura por um cinto feito de casca de cipó-imbé. Os panos tecidos eram desenhados com figuras geométricas em tinta vermelha. Os cintos eram tingidos de preto. Ornavam-se ainda com colares feitos de sementes pretas entremeadas com presas e garras de animais.
Alguns Kaingang, de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, usavam botoques semelhantes aos Guarani. Usavam também nos lábios pedaços de madeira na forma de pregos. Viseiras de plumas eram usadas sobre a testa e o cacique portava plumagem em forma de leque, que era vestida em torno da cabeça e amarrada na nunca. Já os Kaingang do Paraná usavam uma espécie de "coroinha" no topo da cabeça, o que lhes valia a denominação de "coroados", dada pelos colonos portugueses. Arrancavam também todos os pêlos do corpo. As pinturas corporais – usadas apenas para as cerimônias funerais – eram feitas com carvão vegetal, obedecendo a uma simbologia de cada subgrupo. Costumavam fazer listras pretas no peito como proteção contra os maus espíritos.
Entre os muitos objetos fabricados pelos Kaingang estão os artefatos de caça, guerra, coleta e agricultura. Arco e flecha eram feitos de pau d’arco e as lanças, muito comuns, recebiam pontas de ferro obtido entre os brancos. Os Kaingang do Paraná também utilizavam bastões curvos e cilíndricos, envoltos em trançado, decorados com gravação a fogo e possuíam uma espécie de caixa para guardar objetos feitos de cestaria.
Para ataques e perseguições a inimigos, colocavam no caminho estrepes pontiagudos feitos de ossos. Também cavavam armadilhas em forma de fosso cujo interior revestiam de lanças.
Os Kaingang e os Guarani – como a maioria dos índios brasileiros – não tinham o costume de envenenar as pontas das flechas. Tanto os Guarani como os Kaingang utilizavam o "pari", uma espécie de armadilha feita de talas e varas para apanhar peixes. A produção de cestarias é arte presente na cultura material das duas tribos. As cestas eram utilizadas para guardar ou transportar produtos.
Os Kaingang não desenvolveram nada semelhante à navegação Guarani. Para cruzar um rio, derrubavam árvores de cada lado e uniam o espaço com os troncos amarrados em estacas fixadas no leito do rio. Nadam mal, por falta de hábito, e só em situações aterradoras é que se arriscavam entrar na água e tentar a travessia. Utilizavam muito pouco as suas precárias pirogas, barcos primitivos feitos de troncos de árvores.
Na tecelagem Kaingang, os panos eram feitos de urtiga brava. As fibras eram enroladas em bolotas, fervidas e lavadas até se tornarem uma massa branca e flexível. Depois eram trançadas e tecidas manualmente, tingidas com catiguá e desenhadas na cor escura.
As mulheres carregavam seus filhos em redes às costas. Faziam bolsas de fibras e recipientes de taquara fina. As cerâmicas eram feitas de argila, modelando-se primeiro a base do pote em argila mole borrifada com água ou saliva. Quando os potes estavam totalmente secos eram queimados na boca. Para tornar a cerâmica "inquebrável" borrifava-se com uma mistura de água e farinha de milho. Com o pote ainda quente, as rachaduras eram preenchidas com cera de abelhas. Todos os potes tinham base crônica para ser fixados no solo.
Para obter fogo, os Kaingang giravam uma vareta de madeira rija por entre as mãos. A extremidade inferior estava inserida num pedaço de madeira bem seca e mole. O movimento de rotação provocava faíscas que acabavam incendiando folhas e cascas de palmeira seca. Esta técnica também pertencia aos Guarani e aos Xetá.
A medicina entre os Kaingang era praticada de forma ritual. O Kuiã, espécie de xamã ou pajé, consultava os espíritos à noite esborrifando seu cachimbo até ficar totalmente envolto em fumaça. Os espíritos desciam e ensinavam como deveriam ser preparados os remédios. Davam também informações sobre assuntos de interesse da comunidade. Praticavam ainda sangrias na testa, tratamentos à base de ervas curativas, massagens antecedidas por cataplasmas.
A gravidez e o parto mereciam tratamentos especiais. Na gravidez, mulher e marido não se uniam e ambos observavam tabus alimentares. O parto acontecia na floresta e, dias após, mãe e criança eram defumados, rito acompanhado por uma bebedeira geral. Com os colonizadores, essa prática se transformou. A parturiente passou a contar com a assistência de uma parteira (mãe, sogra ou avó). O parto original entre as índias é feito de cócoras.
Ao completar sete anos, a mãe friccionava a criança com cinzas e derramava água sobre sua cabeça. A partir de então, recebia um novo nome que poderia ser mudado futuramente, dependendo dos feitos praticados.
A medicina tradicional indígena tinha como base o uso de ervas. A erva-mate, inclusive, originou-se de hábitos indígenas. Os índios a usavam como estimulante para vencer o cansaço das longas caminhadas pela floresta em busca de comida e durante a caça e a pesca.


2 - Indios Kaingang no Paraná


Os Kaingang que viviam na região norte do Paraná, passaram a ser mais perseguidos a partir do século XIX, pois o “branco” (termo que usam para falar do não-índio) começou a avançar em direção às florestas, para abrir fazendas, construir cidades ou buscar outras riquezas.

Os não-índios ou “brancos”, usavam armas de fogo, que os Kaingang desconheciam,e estes, quando não eram escravizados ou mortos, fugiam cada vez mais para dentro da floresta. Quando não tinham mais para onde ir, ainda no século XIX o governo criou os aldeamentos (espaços limitados para os índios), que mais tarde se tornaram os postos indígenas ou reservas.

Esta solução não era do agrado dos Kaingang, e eles resistiram por muito tempo se escondendo nas florestas da região de Palmas, no Paraná.

Claude Lévi-Strauss (antropólogo belga) visitou a Reserva de São Jerônimo entre 1935 e 1939, e em seu livro “Tristes Trópicos” conta que muitos dos índios que conhecera ainda resistiam, pois:

[...] de sua efêmera experiência de civilização, os índios só conservaram as roupas brasileiras, o machado, a faca e a agulha de costurar. Quanto ao resto, foi um fracasso. Haviam lhes construído casas, e eles viviam do lado de fora. Esforçaram-se para fixá-los nas aldeias, e eles permaneciam nômades. As camas, quebraram-nas para fazer lenha e dormiam diretamente no chão.[...]

Claude Lévi-Strauss. Tristes Trópicos. São Paulo. Companhia das Letras,2000.

Atualmente, os kaingang do Paraná vivem em quatorze reservas indígenas, distribuídas por municípios diferentes, em pequenas áreas das terras que lhes pertenciam e que são administradas pela Fundação Nacional do Índio-FUNAI.

A vegetação do território Kaingang, formada por grandes árvores, como perobas, pinheiros, palmitais e paus-d’alho, foi destruída e substituída por cidades, fazendas de café e gado. Aos Kaingang restou pequena parte de seu território, que é a reserva ou posto indígena, onde ainda fazem a plantação de pequenas “roças coletivas” e “roças familiares” e a confecção de artesanato para a venda na cidade. Mesmo assim, não esquecem sua história.

3 – Reserva Apucaraninha


As terras que formam a Reserva ou Posto Indígena Apucaraninha pertencem aos Kaingang, e não ao município onde está localizado o posto ou reserva. Até 1995 dizia-se que a Reserva Indígena estava localizada no distrito administrativo de Tamarana, município de Londrina. Quando Tamarana se tornou município, a área indígena passou a ter uma parte localizada no município de Londrina e outra no município de Tamarana.
Hoje, a referência para localização da reserva, é o município de Londrina(PR)

Na reserva, constroem suas casas ou moram em casas construídas pelo governo. Essas casas são modificadas por muitos deles, que buscam a tradição Kaingang das antigas habitações. Toda decisão é coletiva, os índios se reúnem em roda, cada um expõe seu argumento e o grupo, aponta em conjunto, o que é melhor para a tribo.

A Reserva Indígena possui 5.574 há de área, onde abriga atualmente 240 famílias e aproximadamente 1.200 indígenas. Vivem do cultivo de arroz, feijão e milho, além do plantio de hortas, eucalipto e palmito pupunha. Produzem cestos, arco e flecha. O acesso a reserva é feito pela Rodovia Celso Garcia (PR445), sentido Londrina/Lerroville(52 KM) e de Lerroville até a reserva, 28 KM em estrada sem pavimentação.

A Escola Estadual “João Kavagtãn”, construída em 1980, foi recentemente reformada e estadualizada. Possui 12 professores indígenas e apenas uma não é indígena. A maioria dos professores tem apenas o ensino fundamental e estão em processo de formação no curso de magistério oferecido pelo Estado. O ensino é bilíngüe.

4 – Direitos Indígenas

Embora os povos indígenas, donos desta terra chamada Brasil, tenham lutado por suas terras e ao mesmo tempo dividido seu conhecimento com os não-índios, desde que os aventureiros “brancos” aqui pisaram, só em 1973, no Brasil, se reconheceu na lei que os índios tinham direito às terras de seus antepassados.

O Estatuto do Índio, Lei 6001, de 19/12/1973, obriga o governo federal a “demarcar” ou definir o limite ou fronteira do território indígena. A Constituição Federal de 1988, dedicou um de seus capítulos aos índios, reconhecendo seus direitos a terra (artigo 231), costumes e línguas. Mesmo assim as invasões às terras indígenas, agressões à sua cultura e integridade e muitos outros problemas continuam a existir.

5 – Referências Bibliográficas

www.bonde.com.br. Reportagem de Alan Maschio, em 22.04.2006.
www.londrinatur.com.br. Acesso em 25.04.2009.
Folha de Londrina, 18.03.2009. Reportagem de Mariana Guerin
TUMA, Magda Madalena Peruzin. Viver é Descobrir... Londrina. FTD-2006. Pág. 65 a 71.

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Algumas fotos:

Vista geral da reserva kaingang-Tamarana-PR


Imagens do cotidiano da reserva

Cemitério indígena

Escola indígena
Escola
Cadeia

Gerações

Passeio pela reserva..
No caminho...

Detalhes...
Uma bela indiazinha...
Vilma...


Colocar mais fotos!!!!!!!!!!!!

3 comentários:

  1. O blog ta super legal, Elo.
    Obrigada e um beijo.

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  2. Bacana, Elo.
    Obrigada, fique com Deus.

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  3. mto obg elo vc me ajudo mto no meu traba, eu copiei tds as sus image, vc é mto gata e mora no meu S2 um grande bjo pra minha amante te amo eloooooooooooooooooooooooooooooooouuuuuuuuuu :*

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